terça-feira, 12 de agosto de 2014

A ESPIRITUALIDADE CRISTÃ NA FAMÍLIA

A ESPIRITUALIDADE CRISTÃ NA FAMÍLIA

Laci Maria Araújo Alves
Paróquia Bom Pastor

        
Estamos iniciando a Semana Nacional da Família,  um espaço para reflexões, com o tema: “espiritualidade cristã nas famílias: um casamento que dá certo”. Por que a escolha desse tema? Porque temos acompanhado uma profunda inversão de valores e de desrespeito em relação às famílias. O que está acontecendo em nossa sociedade que valores tão elementares na vida humana, tais como amor, amizade, carinho, oração, respeito, etc, começam a ser ridicularizados? Que interesses estão forjando tais mudanças? Por que não temos tempo uns para os outros, mas não desgrudamos do celular, do notebook e das conversas virtuais?

       Nesse emaranhado de novidades e de aparelhos que não cessam de exigir novos aplicativos estamos nos distanciando até de nós mesmos. Como temos lidado com a nossa espiritualidade? Como temos alimentado nossos sonhos e nossos sentimentos? Buscamos ajuda na Palavra de Deus, na oração ou nas redes sociais que não cansam de ridicularizar o bem?  No geral, “embarcamos”  facilmente na onda consumista que insiste em nos afundar em dívidas para conseguir aparelhos caros e modernos e que nos expõem ainda mais à violência. Precisamos parar e tentar enxergar o quanto somos manipulados por grupos econômicos que criam um mundo mágico que nos encanta, nos atrai e  nos transforma em consumistas de uma tecnologia que não alimenta a nossa essência, porque é baseada numa linguagem impessoal, virtual e de informação, mas não de formação para a vida. É só observar o elevado número de acessos de vídeos de ironia em detrimento dos vídeos de oração e de mensagens. O que está acontecendo conosco que estamos nos tornando reféns dessa linguagem virtual, mesmo quando estamos próximos das pessoas que nos amam? Trocamos facilmente o diálogo “olho no olho” pelas fofocas veiculadas nas redes sociais. Mesmo quando estamos sentados ao lado de outra pessoa a nossa presença parece não interessar, pois o celular fica “apitando” a chegada de mensagens que “precisam” ser lidas rapidamente, como se tivéssemos que “obedecer” cegamente às ordens desse aparelho que passou a controlar a vida de muitas pessoas.

        Em uma sociedade capitalista,  quanto mais alienados, mais facilmente somos dominados e é essa  forma de poder que tem provocado tantos transtornos em nosso meio. Estamos trocando nossa identidade de pessoas criadas para o amor para pessoas dependentes da tecnologia.  É hora de mudar a lógica das relações em nossas famílias: sair da impessoalidade para o abraço; da desconfiança para o perdão e o amor; das ironias para o diálogo fraterno; da repetição e fofocas para a sabedoria; do tempo nos equipamentos para o tempo com as pessoas, pois estamos perdendo momentos de convívio que não se repetirão. É preocupante observar pais que têm coragem de colocar um celular nas mãos de crianças que mal sabem falar e ainda se vangloriam de que o filho sabe usar o celular, aparelho radioativo, que pode trazer doenças, mas não têm coragem de sentar com os filhos, ensinar os limites, brincar com  eles, ensiná-los a rezar e a conviver fraternalmente.

        Realmente, há muito o que mudar... Precisamos de uma reengenharia em nossos lares. Carecemos de mais qualidade de vida em nossas relações e para tanto, precisamos nos conhecer mais. Deixar que nossa essência divina conduza nossa vida.  A oração nos devolve a paz e nos coloca em contato com nossa própria alma e com Deus já presente nela. Como na história da águia que precisa mirar o sol para se sentir forte, nós precisamos buscar forças em Deus para fazer de nossas famílias “ninhos de amor” nos quais as pessoas sintam vontade de permanecer, se sintam felizes e possam contribuir para que tenhamos mais paz e fraternidade em nossa sociedade. 


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