A
ESPIRITUALIDADE CRISTÃ NA FAMÍLIA
Laci Maria Araújo Alves
Paróquia Bom Pastor
Nesse emaranhado de novidades e de aparelhos que não cessam de exigir
novos aplicativos estamos nos distanciando até de nós mesmos. Como temos lidado
com a nossa espiritualidade? Como temos alimentado nossos sonhos e nossos
sentimentos? Buscamos ajuda na Palavra de Deus, na oração ou nas redes sociais
que não cansam de ridicularizar o bem?
No geral, “embarcamos” facilmente
na onda consumista que insiste em nos afundar em dívidas para conseguir aparelhos
caros e modernos e que nos expõem ainda mais à violência. Precisamos parar e
tentar enxergar o quanto somos manipulados por grupos econômicos que criam um
mundo mágico que nos encanta, nos atrai e
nos transforma em consumistas de uma tecnologia que não alimenta a nossa
essência, porque é baseada numa linguagem impessoal, virtual e de informação,
mas não de formação para a vida. É só observar o elevado número de acessos de
vídeos de ironia em detrimento dos vídeos de oração e de mensagens. O que está
acontecendo conosco que estamos nos tornando reféns dessa linguagem virtual,
mesmo quando estamos próximos das pessoas que nos amam? Trocamos facilmente o
diálogo “olho no olho” pelas fofocas veiculadas nas redes sociais. Mesmo quando
estamos sentados ao lado de outra pessoa a nossa presença parece não
interessar, pois o celular fica “apitando” a chegada de mensagens que
“precisam” ser lidas rapidamente, como se tivéssemos que “obedecer” cegamente
às ordens desse aparelho que passou a controlar a vida de muitas pessoas.
Em uma sociedade capitalista,
quanto mais alienados, mais facilmente somos dominados e é essa forma de poder que tem provocado tantos
transtornos em nosso meio. Estamos trocando nossa identidade de pessoas criadas
para o amor para pessoas dependentes da tecnologia. É hora de mudar a lógica das relações em
nossas famílias: sair da impessoalidade para o abraço; da desconfiança para o
perdão e o amor; das ironias para o diálogo fraterno; da repetição e fofocas
para a sabedoria; do tempo nos equipamentos para o tempo com as pessoas, pois
estamos perdendo momentos de convívio que não se repetirão. É preocupante
observar pais que têm coragem de colocar um celular nas mãos de crianças que
mal sabem falar e ainda se vangloriam de que o filho sabe usar o celular,
aparelho radioativo, que pode trazer doenças, mas não têm coragem de sentar com
os filhos, ensinar os limites, brincar com
eles, ensiná-los a rezar e a conviver fraternalmente.
Realmente, há muito o que mudar... Precisamos de uma reengenharia em
nossos lares. Carecemos de mais qualidade de vida em nossas relações e para
tanto, precisamos nos conhecer mais. Deixar que nossa essência divina conduza
nossa vida. A oração nos devolve a paz e
nos coloca em contato com nossa própria alma e com Deus já presente nela. Como
na história da águia que precisa mirar o sol para se sentir forte, nós
precisamos buscar forças em Deus para fazer de nossas famílias “ninhos de amor”
nos quais as pessoas sintam vontade de permanecer, se sintam felizes e possam
contribuir para que tenhamos mais paz e fraternidade em nossa sociedade.
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