FAMÍLIA OU ILHA DA FANTASIA?
Luciana,
Flávio, Zélia e William.
Equipe Base MFC Sagrada Família
Iniciamos essa reflexão com um
questionamento: será que as novas
famílias que estão sendo formadas têm consciência da importância do sacramento
que estão assumindo? Atualmente a mídia tem banalizado o casamento como se este
fosse apenas e tão somente um ato social que pode ser desfeito a qualquer
momento, mas que exige enormes gastos para a sua realização, bem na lógica do
capitalismo selvagem.
Há uma competição para a realização da
melhor festa por ocasião do casamento, do vestido mais diferente para a noiva,
da contratação de profissionais para a realização do evento, enfim, uma excessiva
preocupação com a “fantasia” do momento, mas pouco se percebe de preparo dos
jovens que se aventuram a assumir o compromisso do matrimônio. Muitas vezes
marcam a data do casamento no cartório, no clube, com o cerimonial, mas se
esquecem de verificar nas igrejas se há possibilidade de realização do
sacramento naquele dia. A bênção de Deus passa para último plano.
A reflexão sobre a indissolubilidade do
casamento como forma de manutenção da própria família não consta nos planos de
muitos noivos, e assim muitos casais passam pelo casamento como se fossem a uma
festa para ter um dia de príncipe e de princesa, mas logo que as luzes dos
flashes se apagam e aparecem os desafios
cotidianos, muitos casamentos são desfeitos.
Falta a preparação para uma vida a
dois, alicerçada no amor, na renúncia, no perdão e na fidelidade. Faltam
elementos que eram tão caros para uma boa convivência social até poucos anos:
fé, responsabilidade e compromisso. Há
alguns anos, os filhos cresciam vendo a luta dos seus pais para educá-los na
perspectiva do compromisso assumido no dia do casamento: “eu te prometo ser
fiel, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-te e
respeitando-te todos os dias de minha vida”. O compromisso era algo sério e que
fortalecia a vida da família como um todo.
Hoje, o juramento continua o mesmo, no
entanto, a falta de responsabilidade é tamanha que por qualquer motivo, se
rompe com o compromisso de fidelidade assumido diante de Deus e de muitas
pessoas. Hoje se faz um compromisso que amanhã é desfeito com a maior
naturalidade e isso é tão cruel que até mesmo pessoas que se dizem cristãs
começam a aprovar a separação de casais ao invés de tentar ajudá-los a
solucionar seus problemas, orando, colocando as dificuldades na presença
misericordiosa de Deus.
Muitas famílias não vão bem,
porque na ânsia de satisfazer seus
caprichos e fantasias se extrapolam no trabalho como forma de conseguir uma
vida de aparente sucesso e se destacar na sociedade e se esquecem de si mesmos
e de sua família. Muitos deixam de lado a convivência, a educação dos filhos, o
amor, a solidariedade, a fraternidade e quando percebem, já deixaram sua
família e estão em busca de outra família que certamente enfrentará os
mesmos problemas. Esse processo gera um
círculo vicioso no qual os filhos são os maiores prejudicados, e o resultado
disso pode ser visto claramente nos dias atuais: aumento do uso de drogas, de
comunidades alternativas que geram violência e angústia, do número de mortes
por separações, enfim, se instaura uma era de insegurança e de medo.
Na contramão desse processo, muitas
famílias buscam se alimentar do amor de Deus e tem conseguido fazer da família
um espaço de amor e partilha. É preciso
lembrar que a educação dada pela família, os valores repassados através dos padrões de ética, de moral e de
religiosidade aos filhos são fundamentais
para sua formação moral, pois uma criança que cresce num ambiente
familiar onde se respira o amor, onde se vivem relações de respeito, aprende a
amar com naturalidade.
Que nossas vidas possam mostrar à sociedade que as fantasias fazem parte
da vida, mas que família não é uma ilha de fantasia, mas um espaço de amor, de
partilha e de formação de cidadãos e cidadãs que acreditam que além dos limites
materiais, há uma eternidade a ser experimentada junto a Deus Pai, criador de todas as coisas.