Luci Léa Lopes Martins Tesoro
Como salienta o Dr.
Dalton Luís de Paula Ramos, Livre-Docente de Bioética na USP (Universidade de
São Paulo) e membro correspondente da Pontifícia Academia para a Vida, "a
mentalidade individualista, hedonista e utilitária têm influído no
comportamento das pessoas, fazendo-as agir contra a vida e a família, nas
atitudes do dia-a-dia."
A “cultura de morte”,
presente na sociedade moderna, tem lutado ferozmente por reduzir a família a
uma simples fachada, a uma espécie de residência de indivíduos autônomos,
unidos por vagos sentimentos de afeto ou por uma geladeira bem repleta.
Na realidade, a
mentalidade anti-vida, largamente divulgada pela mídia, faz as pessoas
aceitarem o que não é natural, o que contraria suas convicções mais íntimas,
por temer não contrariar uma opinião pública manipulada por concepções que
apelam para falsas necessidades, falsas liberdades e falsas felicidades.
Mesmo que a mentalidade
anti-vida, anti-gravidez, anti-matrimônio, anti-família seja divulgada e até
imposta, os Movimentos em Defesa da Vida defendem a
dignidade da pessoa humana e a família - porque a família é indestrutível, é
necessária, é a esperança da sociedade, é o futuro do mundo.
Uma das bandeiras de luta
desses movimentos é a campanha contra a legalização do aborto. E aí fica um
alerta: os defensores do aborto procuram cobrir sua natureza criminal mediante
terminologia confusa ou evasiva, ocultando o assassinato com jargão como
"interrupção da gravidez" ou sob conceitos como "direito de
decidir" ou "direito à saúde reprodutiva". Nenhum destes
artifícios da linguagem, entretanto, pode ocultar o fato de que o aborto é um
infanticídio.
Sabe-se que, após a
fecundação, a gestação da vida humana passa por diferentes momentos no ventre
da mãe. Contudo, apesar de ser um único processo de crescimento, por razões de
descrição científica, aquele pequeno
serzinho, recebe alguns termos convencionais: ovo fertilizado, embrião, feto
etc. Em uma mensagem retirada da
página eletrônica Provida é possível refletir um pouco sobre esse processo.
Destaca a mensagem: “afinal, de onde
veio você? Você veio de um bebê humano?
Não. Você era esse bebê. Você veio de um
feto humano? Não. Você era esse feto. Você veio de um ovo fecundado? Não. Você
era esse ovo. Um ovo fecundado? Sim. Nessa ocasião você já era tudo o que é
hoje. Nada mais apareceu no ovo fecundado que era você exceto a nutrição.
No aborto o nascituro deixa de ser
tratado como pessoa, sujeito de direitos, para ser tratado como coisa, objeto
das manipulações - manobras ilícitas, fatos lesivos, até ao ponto de
extinguir-lhe a vida, o primordial direito humano de vida. Renato de Azevedo
escreveu uma poesia intitulada “Não
soube do mundo” que retrata o que
significa um aborto: “Era tão pequeno
que ninguém o via. Dormia sereno enquanto crescia. Sem falar, pedia – porque
era semente. Ver a luz do dia com o toda gente. Não tinha usurpado a sua
morada. Não tinha pecado. Não fizera nada. Foi sacrificado enquanto dormia, esterilizado com toda a maestria.
Antes que a tivesse, taparam-lhe a
boca - tratado, parece, qual bicho na toca. Não disse "Mamãe... Não sentiu
um beijo. Num breve segundo, foi neutralizado
com toda a maestria. Com as alvas batas, máscaras de entrudo, técnicas exatas,
mãos de especialistas negaram-lhe tudo ( o destino inteiro...) - porque
os abortistas nasceram primeiro.
Saiba que, mesmo o aborto sendo legalizado nos países ricos, não está
trazendo benefícios à sociedade. Com a legalização têm-se aumentado a gravidez
entre os jovens sem compromisso. As clínicas abortam com até seis meses de
gestação. Vemos uma juventude com mais liberdade, mas que se droga mais e se
suicida mais.
Unamo-nos, pois, aos
Movimentos de Defesa da Vida, porque defender a família é defender a vida desde
o ventre materno até a morte natural. Essa responsabilidade pesa sobre todos
nós, principalmente sobre os “legisladores, governantes e profissionais da
saúde, conscientes da dignidade da vida humana e do fundamento da família em
nossos povos, os defendam e protejam dos crimes abomináveis do aborto e da
eutanásia” (Documento de Aparecida 436).
E hoje, mais do que tudo, não deixe que a mentalidade
anti-vida, largamente divulgada pela mídia o contamine. Ao contrário: ame, ame
muito, ame sempre, e não deixe que a acomodação, o egoísmo, o isolamento, ou a
desculpa pela falta de tempo destruam você e a sua família.