O SAPO, A ROSA E
NOSSAS FAMÍLIAS
“Era uma vez uma rosa muito
bonita que se sentia envaidecida por ser a mais bela do jardim. Mas começou a
perceber que as pessoas só a observavam de longe. Acabou se dando conta de que
isso acontecia porque havia um sapo bem grande que ficava sempre por perto dela
e não deixava que as pessoas se aproximassem. Indignada com a descoberta,
ordenou que o sapo se afastasse imediatamente dela. O sapo muito humildemente
disse: se é assim que você quer, irei para outro lugar. E mesmo entristecido,
foi embora. Algum tempo depois, o sapo passou por onde a rosa estava e percebeu
que ela estava murcha, sem folhas e nem pétalas. Penalizado disse a ela: que
coisa horrível! O que foi que te aconteceu? A rosa respondeu: é que desde que
você foi embora, as formigas comeram minhas folhas e minhas pétalas e nunca
mais serei como antes... O sapo respondeu: pois é, quando eu estava aqui, comia
todas as formigas que se aproximavam de ti. Por isso é que você era a mais
bonita do jardim”.
Muitas vezes desvalorizamos os outros
por nos julgarmos superiores ou melhores e descartamos as pessoas que nos
cercam, como se não tivessem nenhum valor. Deus não fez ninguém para “sobrar”
no mundo. Todos temos algo a aprender
com as pessoas que nos rodeiam, pois cada pessoa é única e tem o seu
valor, os seus dons e virtudes. Muitas vezes, pessoas que nos incomodam, de alguma forma nos ajudam a
ser melhores; é necessário que descubramos o real valor de cada um para não
corrermos o risco de abandonarmos exatamente aqueles que mais cuidam de nós...
Nas famílias também é assim... Os pais muitas vezes incomodam, mas estão
ali, cuidando, protegendo, para que seus filhos não se percam... Mais do que
nunca, é possível constatar que impor limites, querer saber com quem os filhos
andam, acompanhá-los nos passeios, fazer-se amigos dos amigos dos filhos, são
atitudes que contribuem para aproximar pais e filhos e para construir uma
relação fraterna na família.
Vale a pena criar espaços de partilha na família... Experimente desligar
a televisão e conversar um pouco sobre as conquistas e as dificuldades dos
filhos, da(o) esposa(o). Experimente convidar seus familiares para uma oração e
aproveite o momento para fazer um balanço de sua família; tentar uma
“reengenharia familiar”; contar casos que marcaram suas vidas; relembrar o
caminho trilhado na constituição da família.
O Globo Repórter exibiu certa vez um programa
sobre alternativas escolares, dentre as quais destacou a experiência de uma
escola que levou os estudantes para visitar um grupo da Terceira Idade para
troca de experiências. Ao entrevistar os estudantes que participaram da visita,
o repórter se mostrava surpreso, pois estes se diziam maravilhados com o que
haviam descoberto: o quanto a vida sofrida daqueles idosos contribuíram para
melhorias na sociedade e se mostravam dispostos a valorizar mais os idosos.
Somos responsáveis para repassar aos mais jovens as experiências vividas
e a importância das mesmas na construção da sociedade. Temos muito a aprender
nesse sentido, pois enquanto achamos que estamos sendo “ultra-modernos” na comunicação
eletrônica e ficamos horas e horas na frente de um computador, corremos o risco de perder a amizade, o carinho e o respeito de
nossos familiares. É fácil contabilizar isso: quanto tempo você fica na frente
da televisão e do computador? E na frente
de seus familiares? O desafio é grande e
precisamos estar atentos às coisas que consideramos incômodas, pois como na
história da rosa e do sapo, podemos estar descartando de nossas vidas, as
pessoas que mais nos amam; que nos cuidam;
sem as quais nossa vida pode
perder o brilho, a alegria e o sentido...