segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

PALAVRA DO BISPO

Quando a Sociedade Perde o "Amor e a defesa das Crianças" e porque ela esta doente, sem valores e sem referencial de dignidade Humana.
Dom Juventino Kestering
Bispo diocesano


Neste domingo após o Natal a Igreja celebra na liturgia a Sagrada Família de Nazaré com reflexões sobre a minha “sagrada família”. Jesus nasceu simples e pobre na gruta em Belém, mas sentiu o amor e carinho da família de Nazaré: Jesus, Maria e José.
Papa João Paulo II, na Carta às Famílias, chamou a família de “Santuário da vida” (CF, 11). Santuário quer dizer: lugar sagrado, espaço de respeito, de diálogo, de perdão, de mútuo crescimento humano, afetivo e espiritual. É neste espaço que a vida é gerada. Desde o berço as crianças aprendem o caminho do respeito, da fé, do amor a Deus e aos irmãos. “A salvação da pessoa e da sociedade humana estão intimamente ligadas à condição feliz da comunidade conjugal e familiar” (GS, 47).
A Palavra de Deus (Mt, 2,13-23) adentra numa realidade concreta das famílias. “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito, porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. José recebe de Deus a responsabilidade de pai e esposo, de cuidador e defensor da vida, de tomar o menino e sua mãe e fugir para salvar o menino. Assume esta realidade e migra para o Egito. José se apresenta como responsável com a sua família e cuida dela, desempenhando o papel de protetor. É exemplo para tantos pais que já não se preocupam com seus filhos. Em juras de amor, geram um filho, mas depois não assumem a missão. Abandonam a esposa, ou a companheira. Deixam a responsabilidade para a mãe.
Uma criança é linda, mas frágil e sem força. Não pode se defender sozinha. Para sobreviver, depende do cuidado, da ajuda dos pais. Muitas crianças são vítimas da própria incapacidade de se defender e do descuido da família e da sociedade. Umas não chegam nem a nascer, são abortadas e trucidadas no seio da mãe; outras, são jogadas em rios, no lixo, de prédios altos, são maltratadas, são vendidas, abandonadas. Quando a sociedade perde o amor e a defesa das crianças é porque ela está doente, sem valores e sem referencial de dignidade humana.
O menino Jesus, apesar de ter nascido numa gruta fria e longe da cidade, recebeu carinho e ternura da mãe, de José e dos pastores vizinhos. Até os reis do Oriente o vieram visitar. Mas o coração de Herodes fervia de ódio. Resolveu matar as crianças. Assim o menino Jesus correu risco de vida. No Evangelho percebemos o drama do exílio e da migração que a Sagrada Família teve de experimentar para escapar da matança cruel que Herodes tinha ordenado a fim de eliminar Jesus, a quem considerava um rival apesar de sua pouca idade. “José, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito, pois Herodes quer matar o menino”. Mas, Deus o protege através de José e Maria.
Fico pensando na dor e lágrima das crianças que catam alimentos em lixo, da dor das crianças exploradas sexualmente, a dor das crianças que vêem o pai ou a mãe abandonarem o lar, a dor da criança migrante sem casa, sem residência fixa, acompanha seus pais de fazenda em fazenda a procura de sobrevivência; a dor da criança com câncer, com insuficiência renal, a criança presa em apartamento, as crianças sem espaço para educação infantil, a criança que passa diante de lojas, sorveterias, mercados e restaurante, mas carece de recursos para uma alimentação. Criança. Simplesmente criança. E qual o coração humano que não se sensibiliza diante do sofrimento de uma criança!
Apesar de todos os desafios dos tempos atuais para educar uma família, o ideal deve sempre ser mantido: O relacionamento dialogal entre pais e filhos e o clima de harmonia na família. Tudo aquilo que uma criança vivencia, experimenta, percebe dentro de seu lar, marca para a vida em todas as suas etapas. É na família nascem os valores, a ética, a justiça, a honestidade, da fé e o amor aos irmãos.
O livro do Eclesiástico (3, 3-14) traz belas palavras. “Deus honra o pai nos filhos e confirma sobre eles a autoridade da mãe. Quem respeita o seu pai terá vida longa e quem obedece ao seu pai é o consolo de sua mãe”. Honrar pai e mãe além de ser um mandamento é caminho para a harmonia na vida dos filhos. O livro do Eclesiástico ainda continua: “Não humilhes os pais nos dias de sua velhice. A caridade feita com teu pai e tua mãe não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados e na justiça será tua edificação”. Um exemplo edificante é quando os filhos, os netos e bisnetos cuidam com amor e carinho seus pais, avós e bisavós. O autor do Eclesiástico lembra o mandamento da lei mosaica que pede claramente para honrar o pai e a mãe e ainda esclarece que para isso é necessário que os pais amem os filhos.
Neste dia em que a Igreja lembra a Sagrada Família de Nazaré, a Palavra de Deus faz refletir sobre o nosso modo de ser na família. Ela é o ninho sagrado, espaço de amor e de diálogo, ambiente de ternura e proximidade, o melhor lugar do mundo para viver.
Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.


sábado, 28 de dezembro de 2013

ESPIRITUALIDADE CRISTÃ

ESPIRITUALIDADE, é seguir os caminhos do Espirito de Deus. É viver conforme o Espirito de Deus. E a resposta para isto também encontramos nesta parábola. Quem segue o Espirito não busca somente para si estas coisas que constituem a vida, mas para os "pequenos" e os necessitados. Cada um busca acumular para si e para os os seus. Sempre foi assim. A novidade e abrir-se para a necessidade dos menos favorecidos, para a vida dos necessitados, aqueles que nada podem nos retribuir, e lutar pela vida deles. Só os que tem a verdadeira espiritualidade é capaz de lutar pela vida dos outros. Esta é a novidade, uma boa-novidade que JESUS veio nos ensinar.
Lutar para que os menos favorecidos também tenham vida para que todos tenham vida, significa lutar para que a forma de produção e distribuição de comida, moradia saúde e tantas outras coisas seja modificada. Pois a atual forma os exclui e marginaliza. Não existe outro jeito para resolver estes problemas. E quando lutamos seriamente por isso, levamos a sério que DEUS é o nosso pai e os menos favorecidos também são nossos irmãos. A forma mais concreta de mostrar o afeto aos menos favorecidos, os nossos irmãos marginalizados, é lutar para que eles tenham condições digna de vida. Isto significa, na prática, que os que aceitam esta "boa nova" de Jesus assumam também lutas politicas e econômicas. Não mais para legitimar a situação estabelecida em nome de Deus, mas para transforma-la em nome de Deus verdadeiro.
O problema é que nem todos na sociedade aceitam que os pobres tenham direito a vida. Vemos diariamente manipulação para legitimar as sociedades opressoras. É por isso que Jesus foi condenado a morte. Se lembrarmos das acusação contra Jesus, veremos que ele foi acusado de blasfemo pelas classes dominantes de Israel, por apresentar uma nova imagem de Deus, e de subversivo politico pelos romanos. Na verdade estas duas acusações são os dois lados de uma mesma moeda. Sociedade opressora com manipulações diversas. Quem os questiona são sempre acusados de subversivos e blasfemos.
Quem teve a experiência do Espirito, quem conheceu o Deus da Vida, sabe que o grande dom de Deus para os homens é a vida. O livro de Gênesis nos ensina que Deus fez o corpo humano e soprou vida, por isso, diz que somos seres viventes. Defender a vida dos mais fracos é o verdadeiro testemunho dos que acreditam em Deus de Jesus Cristo e é único caminho para construirmos uma sociedade onde todos sejam reconhecidos e tratados como pessoas humanas. Sendo assim, o verdadeiro cristianismo não se separa da politica do ser humano, mas entra nela e assume conflitos contra os que defendem sistema de morte. A contradição não é entre religião e politica, mas entre Deus da vida e sistemas político e econômicos que geram a morte dos menos favorecidos. O caminho para a salvação não é fugir das coisas materiais e politicas, mas lutar para que os menos favorecidos também tenha sua vez e voz junto as comunidades e sociedade. Onde estiver em jogo a vida e a morte dos mais fracos e oprimidos, ali está o Espirito de Deus para soprar e nos dar forças para que assumamos esta luta, este é o caminho do Espirito de Deus.  

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

PROJETO DE DEUS

"EU VIM PARA QUE TODOS TENHA VIDA EM ABUNDÂNCIA" é a frase que melhor exprime o projeto de Jesus. O seu objetivo é que todos tenha vida em abundância, por isso começa com aqueles que menos tem: os pobres. Se todos os pobres tiverem vida em abundância, isto siginifica que não haver ninguem na sociedade que não tenha vida em abundância. Afinal, sempre são os pobres que menos têm vida. Para que todos tenham vida, é preciso que os pobres tembém tenham, porque os ricos e poderosos ja tem para garantir isso. É por isso que Jesus vive e prega entre os pobres. 
Mas alguem pode perguntar: a vida é só questões materiais? E os problemas espirituais? Jesus não definiu o que é vida. Ele ensinou através da sua prática e das suas obras e parabolas. Definição é modo dos "estudados" falarem, estórias e parabolas são o jeito dos pobres. A parabola que melhor representa estas perguntas é a do "juizo final". E a famosa parabola que Jesus nos conta no Evangelho de Mateus (cap.25,31-46) sobre as condições de salvação. Os que deram pão, bebida, roupa, moradia, saúde, liberdade e afeto para os "pequenos" entram no Reino de Deus; os que não deram, ficam de fora. A vida é isto: comida, bebida, liberdade, moradia e afeto. Os pobres sofrem porque não tem estas coisas. E os ricos querem mais dinheiro para ter mais coisas, com isso vivemos em uma sociedade individualizada.

DEUS É PAI

JESUS DE NAZARÉ, resumiu sua proposta como uma "boa nova" para os pobres. Uma "boa nova" deve ser uma coisa boa e nova para os que vão receber o o anúncio, isto é, os pobres. As diversas formas de religião que vimos anteriormente tem em com 3 ideias: a) os pobres são culpados pelo sofrimento deles; b) Deus colocou estes sofrimentos como condição necessária para a salvação; c) por fim, o sofrimento vai continuar e deve ser aceito com "amor e paciência". Convenhamos, esta três ideias não são muito nova e muito menos boas para os pobres. Por isso, a "boa nova" de Jesus para os pobres é diferente.
A grande novidade na pregação de Jesus foi a ideia  de que "Deus é Pai", ou melhor, Deus é papai. Ele se preocupa com seus filhos, principalmente com o sofrimento dos mais pequenos. Assim funciona o coração de quem ama.Uma mãe carinhosa ama de forma igual todos os filhos e, por isso, se preocupa mais com aquele que esta sofrendo mais. Porque ela quer que todos vivam bem. Para  expressar esta nova imagem de Deus, Jesus chamou de papai, São João disse que "Deus é Amor" e o papa João Paulo I nos ensinou que "Deus é Mãe".
Um Deus que é papai não exige sacrifícios e mortes de seus filhos. Ele é misericordioso, capaz de perdoar infinitamente. O seu grande desejo é que os seus  filhos vivam fraternalmente, sem que alguns explorem e matem outros para viver suntuosamente. Ele não pode ficar indiferente ao legitimar uma sociedade em que uma pequena minoria explora uma grande maioria para usufruir de uma vida de extravagancia. Deus não pode ficar indiferente ao sofrimento do trabalhador que planta e não pode comer, daquele que constrói e não tem onde morar. O anuncio do Deus que quer dar condições de vida para os pobres e não os considera culpados da sua miséria é uma grande "boa Nova" para os pobres.

NATAL HOJE E SEMPRE

NATAL HOJE E SEMPRE!
                                                          Dom Fernando Arêas Rifan*                  
“Transcorridos muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem  à sua imagem; - séculos depois de haver cessado o dilúvio, quando o Altíssimo fez resplandecer o arco-íris, sinal de aliança e de paz; - vinte e um séculos depois do nascimento de Abraão, nosso pai; - treze séculos depois da saída de Israel do Egito, sob a guia de Moisés; - cerca de mil anos depois da unção de Davi, como rei de Israel; - na septuagésima quinta semana da profecia de Daniel; - na nonagésima quarta Olimpíada de Atenas; - no ano 752 da fundação de Roma; - no ano 538 do edito de Ciro, autorizando a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém; - no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, enquanto reinava a paz sobre a terra, na sexta idade do mundo: JESUS CRISTO DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI, querendo santificar o mundo com a sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem; transcorridos nove meses, nasceu da Virgem Maria, em Belém de Judá. Eis o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a natureza humana. Venham, adoremos o Salvador! Ele é Emanuel, Deus Conosco”. Este é o solene anúncio oficial do Natal, feito pela Igreja na primeira Missa da noite de Natal!
            O Natal é a primeira festa litúrgica, o recomeçar do ano religioso, como a nos ensinar que tudo recomeçou ali. O nascimento de Jesus foi o princípio da revelação do grande mistério da Redenção que começava a se realizar e já tinha começado na concepção virginal de Jesus, o novo Adão. Deus queria que o seu projeto para a humanidade fosse reformulado num novo Adão, já que o primeiro Adão havia falhado por não querer se submeter ao seu Senhor, desejando ser o senhor de si mesmo e juiz do bem e do mal. Assim, Deus enviou ao mundo o seu próprio Filho, o Verbo eterno, por quem e com quem havia criado todas as coisas. Esse Verbo se fez carne, incarnou-se no puríssimo seio da Virgem, por obra do Espírito Santo, e começou a ser um de nós, nosso irmão, Jesus. Veio ensinar ao homem como ser servo de Deus. Por isso, sendo Deus, fez-se em tudo semelhante a nós, para que tivéssemos um modelo bem próximo de nós e ao nosso alcance. Jesus é Deus entre nós, o “Emanuel – Deus conosco”. Assim, o Natal traz lições para todas as épocas do ano.
São Francisco de Assis inventou o presépio, a representação iconográfica do nascimento de Jesus, para que refletíssemos nas grandes lições desse maior acontecimento da história da humanidade, seu marco divisor, fonte de inspiração para pintores e místicos.
Que tal se fizéssemos um Natal contínuo, pensando mais no divino Salvador, na sua doutrina, no seu amor, nas virtudes que nos ensinou, unindo-nos mais a ele pela oração e encontro pessoal com ele, imitando o seu exemplo, praticando a caridade, convivendo melhor com nossa família...
Desse modo a mensagem do Natal vai continuar durante todo o Ano Novo, que assim será abençoado e feliz. FELIZ NATAL E ABENÇOADO ANO NOVO!

                   *Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney  
                                           

sábado, 7 de dezembro de 2013

MENSAGEM FINAL ANO

Ney Santos
Mensagem!
Amigos Mefecistas, quero aproveitar esse espaço que é nosso, para fazer uma reflexão, que julgo ser importante neste final de ano: “você tem noção da sua importância para o Reino de Deus?”
Deus tem um projeto para cada um de nós, mas para que isso aconteça precisamos dizer nosso SIM...  temos que aceitar, assim como  Nossa mãe Maria aceitou o chamado do Pai, vamos sair do nosso comodismo, do nosso campo de conforto, arregaçar as mangas e mostrar que somos filhos de Deus, esta findando mais um ano, é hora de avaliarmos como foi esse ano para nós.
Olhem para trás muito já foi feito, olhem os bons exemplos que temos, pessoas maravilhosas que se entregaram pelo amor ao próximo, sem querer ser injusto, quero citar alguns nomes que são para mim o esteio forte e firme do nosso MFC, Alaides e Dezinho, Simeão e Hilda, Helio e Clara, Sanita e Marcolina.
Sejamos como eles, protagonistas da nossa própria história, não deixemos que a vida nos leve como folhas secas ao vento, sejamos dignos de sermos chamados filhos do Altíssimo, que o nosso compromisso seja com o próximo, que a nossa alegria seja em poder ajudar a edificar uma, duas, três, quantas famílias forem, na certeza que estamos contribuindo para um mundo melhor.     
Meu desejo é que haja muita paz, amor e esperança, e que em 2014 realizemos todos os nossos projetos, sempre almejando o bem da família.
Forte abraço e Feliz Natal!

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Papa apresenta maior reforma do Vaticano em meio século

Cidade do Vaticano – Jorge Bergoglio lança um projeto de “conversão do papado”, propõe a “descentralização” da Igreja e apresenta o plano da maior reforma feita no Vaticano em pelo menos meio século. No primeiro documento de seu próprio punho apresentado hoje, o papa Francisco explica em mais de 200 páginas seu projeto para o futuro da Igreja, lançando duros ataques contra sacerdotes e denunciando a guerra pelo poder dentro dos muros da Santa Sé.
“Desejo dirigir-me aos fiéis cristãos para convidá-los a uma nova etapa de evangelização marcada por esta alegria e indica direções para o caminho da Igreja nos próximos anos”, escreveu em sua Exortação Apostólica publicada hoje, o Evangelii Gaudium do Santo Padre Francisco aos Bispos, Presbíteros, Diáconos às pessoas consagradas e aos fiéis laicos sobre o Anúncio do Evangelho no Mundo Atual. “É uma nova evangelização no mundo de hoje, insistindo nos aspectos positivos e otimismo”, explicou o cardeal Rino Fisichella, presidente do Conselho Pontifical para a Nova Evangelização e que admite que o papa é “franco”. “O centro é o amor”, insistiu. “Sem isso, a Igreja é um castelo de cartas  e isso é o nosso maior perigo”, declarou.
Em seu texto, Francisco apela à Igreja a “recuperar a frescor original do Evangelho”, mas encontrando “novas formas” e “métodos criativos”. “Precisamos de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como elas são."
Uma parte central de seu trabalho será o de “reformar as estruturas eclesiais” para que “todas se tornem mais missionárias”.
O recado é claro: promover uma “saudável descentralização” na Igreja, num gesto inédito vindo justamente da pessoa que representou por séculos a centralização da instituição e sempre lutou contra repartir poderes. A esperança é de que as conferencias episcopais possam contribuir para “o sentido de colegialidade”.
A descentralização apontaria até mesmo para a abertura de espaços para diferentes formas de praticar o catolicismo. “O cristianismo não dispõe de um único modelo cultural e o rosto da Igreja é multiforme”, escreveu. “Não podemos esperar que todos os povos, para expressar a fé cristã, tenham de imitar as modalidades adotadas pelos povos europeus num determinado momento da história”. Para o papa, teólogos precisam ter em mente “a finalidade evangelizadora da Igreja”.
Nem o próprio papa estaria isento da reforma. Sua meta é a de promover uma “conversão do papado para que seja mais fiel ao significado que Jesus Cristo lhe quis dar e às necessidades atuais da evangelização”.
A burocracia e a aristocracia da Santa Sé também precisa ser revista. “Nesta renovação não se deve ter medo de rever costumes da Igreja não diretamente ligados ao núcleo do Evangelho, alguns dos mais profundamente enraizados ao longo da história”.
Bergoglio insiste que prefere “uma igreja ferida e suja por ter saído às estradas, em vez de uma igreja preocupada em ser o centro e que acaba prisioneiras num emaranhado de obsessões e procedimentos”.
Abertura – Um dos pontos centrais é ainda a abertura da Igreja aos fiéis. “Precisamos de igrejas com as portas abertas” para evitar que aqueles que estão em busca de Deus encontrem “a frieza de uma porta fechada”. “Nem mesmo as portas dos Sacramentos se deveriam fechar por qualquer motivo”, escreveu.
A escolha dos fiéis que deveriam comungar também é atacado pelo papa. “A Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas um generoso remédio e um alimento para os fracos”, alertou.
Poder – O documento ainda lança severas críticas a padres e sacerdotes. O papa pede que se evite as “tentações” do individualismo e alerta que “a maior ameaça é o pragmatismo incolor da vida cotidiana da Igreja, quando na realidade a fé se vai desgastando”.
Pedindo uma “revolução de ternura”, o papa critica “aqueles (religiosos) que se sentem superior aos outros” e que apenas fazer obras de caridade não seria o suficiente. O papa também ataca os sacerdotes que “em vez de evangelizar, classificam os outros”, adotando um “certo estilo católico próprio do passado”.
Bergoglio também ataca os religiosos que tem “um cuidado ostensivo da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, mas sem que se preocupem com a inserção real do Evangelho” às necessidades das populações. “Esta é uma tremenda corrupção com a aparência de bem. Deus nos livre de uma igreja mundana sob cortinas espirituais ou pastorais."
As batalhas por poder dentro do Vaticano também são alvos de ataques do papa contra a Igreja. Ele apela para que as comunidades eclesiais “não caiam nas invejas e ciúmes”. “Dentro do povo de Deus, quantas guerras”, lamenta o argentino. “A quem queremos evangelizar com estes comportamentos?”, atacou, indicando um “excesso de clericalismo”.
O papa ataca o “elitismo narcisista” entre os cardeais. “O que queremos? Generais de exércitos derrotados? Ou simplesmente soldados de um esquadrão que continua batalhando?”, questionou.
Até mesmo as homilias (sermão feito nas missas) são alvos de ataque do papa. “São muitas as reclamações em relação a este importante ministério e não podemos fechar os ouvidos." Bergoglio insiste que ela não deve ser nem uma conferência e nem uma aula. “Temos de evitar uma pregação puramente moralista”.
Um ataque especial vai também aos religiosos que não se preparam devidamente para as missas. “Um pregador que não se prepara não é espiritual, é desonesto e irresponsável”, escreveu. Quanto às confissões, o argentino é ainda mais duro: “não se trata de uma câmara de tortura”.
Mulher – O papa volta a defender um maior papel da mulher dentro da Igreja. “Ainda há necessidade de se ampliar o espaço para uma presença feminina mais incisiva na Igreja, nos diferentes lugares onde são tomadas decisões importantes”, defendeu. “As reivindicações dos direitos legítimos das mulheres não se podem sobrevoar superficialmente”, apontou.
Bergoglio deixa claro a posição da Igreja contrária ao aborto. “Entre os fracos que a Igreja quer cuidar estão as crianças em gestação, que são as mais indefesas e inocentes de todos, às quais hoje se quer negar a dignidade humana”, escreveu.
“Não se deve esperar que a Igreja mude a sua posição sobre essa questão. Não é progressista fingir resolver os problemas eliminando uma vida humana”, declarou.
Economiae política – Bergoglio ainda destina uma parte importante de seu texto à situação mundial e não deixa de atacar o modelo econômico que prevalece. “O atual sistema econômico é injusto pela raiz”, declarou. “Esta economia mata porque prevalece a lei do mais forte”.
“Os excluídos não são explorados, mas lixo, sobras”, atacou. “Vivemos uma nova tiraria invisível, por vezes virtual, de um mercado divinizado onde reinam a especulação financeira, corrupção ramificada, evasão fiscal egoísta”. O dinheiro, segundo ele, deve servir, e não dominar.
Para ele, esse modelo estaria promovendo uma “crise cultural profunda” nas famílias. “O individualismo pós-moderno e globalizado promove um estilo de vida que perverte os vínculos familiares”, alertou.
O papa ainda apela para que a Igreja não tenha medo de se envolver nos debates políticos e que faça parte da luta por influenciar grupos políticos para garantir maior justiça social. Para ele, os pastores tem “o direito de emitir opiniões sobre tudo o que se relaciona com a vida das pessoas”, escreveu. “Ninguém pode exigir de nos que releguemos a religião à secreta intimidade das pessoas”, declarou.
Sua luta contra a pobreza também fica claro no documento. “Até que não se resolvam radicalmente os problemas dos pobres, não se resolverão os problemas do mundo”, declarou, fazendo um apelo aos políticos. Em seu documento, ele volta a defender os “mais fracos”, os “sem-teto, os dependentes de drogas, os refugiados” e apela a países que promovam uma “abertura generosa” aos imigrantes. Para ele, existem “muitos cúmplices” nesses crimes.
O argentino, porém, não deixa de apelar “humildemente” aos países muçulmanos que garantam a liberdade religiosa para os cristãos, “tendo em conta a liberdade de que gozam os crentes do Islã nos países ocidentais”. “Uma adequada interpretação do Corão se opõe a toda a violência”, defendeu. Bergoglio, porém, insiste na necessidade de fortalecer o diálogo e a aliança entre crentes e não-crentes.
Apesar dos desafios, o papa insiste que os fiéis não devem desistir. “Se eu conseguir ajuda pelo menos uma única pessoa a viver melhor, isto já é suficiente para justificar o dom da minha vida”, concluiu.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Mensagens Papa Francisco

Estamos irritados com alguém? Rezemos por essa pessoa. Isto é amor cristão.

Deus não pertence a nenhum povo.

Reivindicações de mais justiça não contradizem o evangelho.


Bote fé, bote esperança, bote amor, que a sua vida terá novo sabor!

Se nos comportarmos como filhos de Deus, sentindo-nos amados por Ele, a nossa vida será nova, cheia de serenidade e de alegria.

A mulher na Igreja é mais importante que os bispos e os padres. Acredito que falta uma especificação teológica.

Deus usa de tanta misericórdia conosco. Aprendamos também nós a usar de misericórdia com os outros, especialmente aqueles que sofrem.
São essenciais, na vida cristã, a oração, a humildade, a caridade para com todos: este é o caminho para a santidade.

Para um cristão, a vida não é resultado de puro acaso, mas fruto de uma chamada e de um amor pessoal.

Não se pode viver como cristão fora desta rocha que é Cristo. Cristo dá-nos solidez e firmeza, mas também alegria e serenidade.

Que a Igreja seja sempre lugar de misericórdia e esperança, onde cada um se possa sentir acolhido, amado e perdoado.

Os milagres existem, mas é necessária a oração! Uma oração corajosa que luta, que persevera, não uma oração de circunstância.



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O PODER DA ORAÇÃO

O PODER DA ORAÇÃO

Pe. Eduardo Belotti
Assessor Eclesiástico do MFC de Maringá

A oração é de suma importância para os que buscam uma vida de contato direto com o sagrado. Estes se colocam à disposição de Deus, e estão sempre abertos a acolher o Transcendente em suas vidas. No cristianismo, Jesus Cristo ensinou a Humanidade a rezar. Seus discípulos viam como Ele orava por isso lhes pediram: “Senhor, ensina-nos a orar”. E Jesus respondeu com autoridade de Filho bem amado do Pai, e lhes ensinou dizendo: Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o seu nome. Ressaltemos agora, as primeiras palavras que Jesus proclamou: Pai Nosso. Naquele momento, Jesus Cristo se identificou conosco como seu irmão, quando pediu que rezássemos invocando: Pai Nosso. Jesus apresentou o seu Pai, a primeira pessoa da Santíssima Trindade, como o nosso pai. Que coração magnânimo é o coração de Jesus! Realmente é o despojamento total de Jesus, dando-nos o seu Pai, apresentando-O para todos como o Santo, o que tem o poder, a glória, a majestade e a eternidade. Orar é falar com Deus. Falamos e o Senhor nos escuta. Entretanto, a oração nos capacita a ouvir o que o Senhor quer nos falar. Daí, a necessidade de estarmos num estado de silêncio exterior e interior, para podermos falar e ouvir. No Antigo Testamento, quando lemos sobre a infância de Samuel, percebemos que Samuel ao ouvir o chamado do seu nome: Samuel, Samuel, ele levanta-se e vai até Heli. E lá ele responde: estou aqui meu Senhor. Então, Heli lhe disse, se ouvires novamente este chamado, tu deves responder: Fala Senhor, que o teu servo escuta. É um belo exemplo de oração, de estar sempre a escuta do Senhor em uma condição de servo, de criatura diante do seu criador e salvador. Realmente a oração tem o poder de colocar aquele que reza em contato com Deus: FALA SENHOR, QUE O TEU SERVO ESCUTA! Que a nossa vida seja uma contínua oração de ação de graças para que a luz de Cristo resplandeça sobre todos nós.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A PROPOSTA DA SANTIDADE

PALAVRADO DO BISPO: A PROPOSTA DA SANTIDADE

Hoje é dia de todos os santos e santas. Antes do Concílio Vaticano II esta data era celebrado como feriado no dia 01 de novembro, véspera de finados. No decorrer dos tempos, este dia deixou de ser feriado. Diante disso a Igreja transferiu a celebração litúrgica para o primeiro domingo do mês de novembro de cada ano.
A Palavra de Deus (Mateus 5,1-12) propõe as Bem-Aventuranças. É um dos textos mais lidos. É o núcleo central de toda missão, vida e gestos de Jesus Cristo.  Bem-Aventurado para Jesus Cristo é aquele que é feliz por que constrói o Reino de Deus, testemunha uma vida de ética e justiça por palavras e gestos concretos. Coloca-se a serviço dos irmãos na gratuidade especialmente em favor dos que mais necessitam.
 Para Jesus a proposta é outra. A felicidade é atitude interior de serviço, de gratuidade, de acolhimento, de amor e de doação.  Não há felicidade sem relação com os outros e com processo de construção de mais vida, fé, doação, oração e acolhimento. Há muita gente feliz nos serviços humildes e no anonimato.No contexto do mundo atual, no estágio do desenvolvimento social e econômico, felicidade é sinônimo de prosperidade, saúde, bens, acumulações, posição, aplausos, honrarias, nome em evidencia. Nesta busca de felicidade nas coisas encontramos e não poucas pessoas, ansiosas, indiferentes ao sofrimento, insensíveis e fechadas em si mesmas. 
Neste dia a reflexão também se volta para a santidade e para o culto aos santos. Santidade vai acontecendo no cotidiano da vida. Há homens e mulheres levam uma vida de radicalidade e de renúncia e hoje são “santos e santas da Igreja”. Mas santidade é compromisso de todo batizado. Santidade de vida, harmonia, perdão. A santidade passa pela vida do casamento, pela juventude, pelos idosos. Santidade é ter atitudes de ética, de justiça, de solidariedade.
No livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas chama de “santos” todos os que fazem parte das comunidades cristã. São Paulo, ensina que santidade é um dom de Deus. Mais do que a santidade necessitamos de “santificação”. É caminho de vida no equilíbrio humano, à luz do Evangelho e da dignidade da pessoa. Deus é o único Santo. Ele partilha a sua santidade com seus filhos e filhas. Não alcançamos a santificação somente com nosso esforço, mas, abrindo as portas da nossa vida ao Deus três vezes Santo é que encontramos as luzes para trilhar o caminho da santificação.
As Bem-Aventuranças são respostas ao amor de Deus que perdoa e nos introduz em seu Reino. Aceitar, permanecer, crescer e perseverar na construção deste Reino no mundo: eis o caminho a percorrer rumo à santidade. Há muitíssimas pessoas boas neste mundo. Vivem o amor as Deus e aos irmãos com uma vida correta. E são felizes, alegres, serviçais. As bem-aventuranças sinalizam um caminho de vida. É o critério de nosso julgar e agir
Neste dia lembramos o culto aos santos e santas. Os cristãos católicos não adoram imagem. Somente Deus é adorado. Ele é três vezes santo. Os santos e as imagens são venerados. Os santos e santos são aqueles que viveram uma vida digna e foram assim considerados pela Igreja. Eles são modelos e exemplos. Ajudam a conduzir para Jesus, pois só Jesus “é caminho, verdade e vida”.
Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.
Dom Juventino Kestering

terça-feira, 22 de outubro de 2013

DIA NACIONAL DA "FAMILIA"


DIA NACIONAL DA "FAMILIA"

No dia 21 de outubro, os brasileiros são convidados a realizar atividades e eventos em favor da evangelização da família. Trata-se do Dia Nacional de Valorização da Família, instituído no dia 17 de maio de 2012. A data tem o objetivo de promover a família como espaço privilegiado e insubstituível para que um homem e uma mulher possam, por meio do matrimônio, gerar e educar seus filhos. (cf. Carta às Família,10) no exercício da família cidadã.
Para o bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família (CEPVF) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom João Carlos Petrini, a data deve suscitar nas famílias o compromisso com a evangelização. “Desejo a todos os brasileiros e brasileiras que acreditam e amam a família que, neste Dia Nacional da Valorização da Família, tenham mais tempo e dedicação à própria família e continuem na evangelização por um mundo justo e fraterno”, disse.
Segundo o assessor da CEPVF, padre Wladimir Porreca, a data é uma oportunidade para que sejam realizadas ações em prol da família. “Sugerimos a todos que valorizem este dia por meio de instrumentos publicitários de propaganda com as insígnias católicas da diocese e/ou Pastoral Familiar e/ou da CNBB”, afirmou.
Para o assessor, “vale a pena divulgarmos este dia na perspectiva católica por meio dos meios de comunicação. E ainda divulgarmos o tema para o ano de 2014: A espiritualidade cristã na família. Espiritualidade cristã e família, casamento que deu certo”, recomenda.
Fonte: CNBB

PAPA FRANCISCO RECORDA QUE O DINHEIRO É IMPORTANTE PARA AJUDAR O PROXIMO

 PAPA FRANCISCO RECORDA QUE O DINHEIRO É IMPORTANTE PARA AJUDAR O PROXIMO
 Fonte: CNBB
A ganância, pensar só no dinheiro destrói as pessoas, destrói as famílias e as relações com os outros”. Foi o que disse o papa Francisco na missa da manhã desta segunda-feira, 21 de outubro, na capela da Casa Santa Marta. Comentando o Evangelho do dia, em que um homem pede a Jesus que ajude a resolver uma questão de herança com o seu irmão, o papa falou sobre a relação de cada pessoa com o dinheiro.
“Isso é um problema de todos os dias. Quantas famílias vemos destruídas pelo problema do dinheiro: irmão contra irmão; pai contra filho… E esta é a primeira consequência desse atitude de desejar dinheiro: destrói! Quando uma pessoa pensa no dinheiro, destrói a si mesma, destrói a família! O dinheiro destrói! É assim ou não? O dinheiro é necessário para levar avante coisas boas, projetos para desenvolver a humanidade, mas quando o coração só pensa nisso, destrói a pessoa”.
Ao recordar a parábola do homem rico, Francisco explicou a advertência de Jesus de que devemos nos manter afastados da ambição. “É isso que faz mal: a ambição na minha relação com o dinheiro. Ter mais, mais e mais… Isso leva à idolatria, destrói a relação com os outros! Não o dinheiro, mas a atitude que se chama ganância. Esta ganância também provoca doença… E no final – isso é o mais importante – a ambição é um instrumento da idolatria, porque vai na direção contrária àquela que Deus traçou para nós. São Paulo nos diz que Jesus Cristo, que era rico, se fez pobre para nos enriquecer. Este é o caminho de Deus: a humildade, o abaixar-se para servir. Ao contrário, a ambição nos leva para a estrada contrária: leva um pobre homem a fazer-se Deus pela vaidade. É a idolatria!”, disse o papa.




sábado, 19 de outubro de 2013

JOVENS, VIOLÊNCIA E EXTERMÍNIO: O QUE FAZER?


JOVENS, VIOLÊNCIA E EXTERMÍNIO: O QUE FAZER?

Equipe Franciscana  de Pastoral
Juvenil e Vocacional (EFPJV)
 
Nos últimos anos temos acompanhado fatos que nos chocam e nos levam a refletir sobre a formação dos jovens na sociedade contemporânea: assassinatos, brigas, drogas, prostituição, alcoolismo, terrorismo, enfim, diversas formas de violência que, por escalonamento, atingem milhares de famílias no Brasil e no mundo. De acordo com dados da UNESCO, em Mato Grosso o aumento no número de mortes de jovens com idade entre 15 e 24 anos  foi maior que o da população total, chegando a um índice de 144,7%.  De onde vem tanta violência?  O que é possível fazer para minimizar tal situação?

Difícil apresentar respostas a esses questionamentos, mas alguns aspectos merecem ser considerados, pois grande parte dos distúrbios apresentados por jovens estão intimamente relacionados ao seu processo de formação tanto no interior da família quanto na própria escola. Família desajustada certamente promoverá a formação de pessoas com problemas emocionais, psicológicos e afetivos. A falta de amor e de limites em grande parte dos lares aliada a desequilíbrios financeiros e morais tem provocado danos irreparáveis no processo de formação de crianças, adolescentes e jovens que passam a utilizar os vícios, as drogas e a violência como forma de preencher os “vazios da alma”. Vazio este que se torna cada vez maior, pois está sendo constantemente alimentado pela mídia que mostra o prazer material como única alternativa para a felicidade. O slogan é comprar sempre e ter cada vez mais, como se o consumo material, por si só, fosse capaz de proporcionar a felicidade plena. Contudo, ainda necessitamos uns dos outros; ainda carecemos de afeto, de carinho, de amor; ainda somos criaturas divinas, criadas para as “coisas do Alto”, como insistia o padre Léo. Somos criados pelo amor e para o Amor e não para a competição como determinam as relações de mercado.

       No entanto, o que temos acompanhado é justamente  o contrário: uma cultura de morte  na qual o capitalismo, como força avassaladora tem provocado uma destruição de valores, atingindo especialmente a família, considerada, por muito tempo,  como a célula básica da sociedade. Outros dois pilares na formação humana também estão sendo atingidos pela violência física e simbólica: a igreja e a escola, e como desdobramento desse processo, o mundo da empresa, da venda, do consumo e dos lucros tenta  assumir a direção da humanidade.  Nesse turbilhão, a violência passa a compor o cotidiano da sociedade. De acordo com a OMS- Organização Mundial da Saúde, quase 400.000 jovens de menos de 25 anos de idade  morrem em acidentes de trânsito a cada ano, e milhões são feridos ou tornam-se deficientes. É isso que queremos para os nossos jovens?  Pelos dados obtidos nas pesquisas realizadas em parceria entre o Observatório de Favelas, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Cuiabá ocupa a primeira posição entre as capitais do Centro-Oeste com o maior Índice de homicídios na Adolescência, com registros de que a cada mil adolescentes e jovens de 12 a 18 anos,  3,8  são assassinados e a maioria destes por questões ligadas ao uso e tráfico de drogas.

        Diante desse quadro e considerando que em  Rondonópolis no triênio de 2007 a 2010  houve mais mortes de jovens e adolescentes do que a Espanha inteira no mesmo período, é que a Missão Franciscana do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em união com os grupos de jovens e o Movimento de Cursilho da Paróquia Sagrado Coração de Jesus organizaram a marcha luminosa contra a violência e o extermínio de jovens, com o objetivo de motivar as pessoas a adotarem  uma cultura pela vida e pela paz e tentar despertar nas famílias o desejo pela  valorização dos jovens e pela implantação de uma cultura de paz.

        Entendemos que marchar pela vida é realizar o sonho de Deus que veio a este mundo “para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

EM DEFESA DA FAMÍLIA E DA VIDA

EM DEFESA DA FAMÍLIA E DA VIDA

Luci Léa Lopes Martins Tesoro

Como salienta o Dr. Dalton Luís de Paula Ramos, Livre-Docente de Bioética na USP (Universidade de São Paulo) e membro correspondente da Pontifícia Academia para a Vida, "a mentalidade individualista, hedonista e utilitária têm influído no comportamento das pessoas, fazendo-as agir contra a vida e a família, nas atitudes do dia-a-dia."
A “cultura de morte”, presente na sociedade moderna, tem lutado ferozmente por reduzir a família a uma simples fachada, a uma espécie de residência de indivíduos autônomos, unidos por vagos sentimentos de afeto ou por uma geladeira bem repleta.
Na realidade, a mentalidade anti-vida, largamente divulgada pela mídia, faz as pessoas aceitarem o que não é natural, o que contraria suas convicções mais íntimas, por temer não contrariar uma opinião pública manipulada por concepções que apelam para falsas necessidades, falsas liberdades e falsas felicidades.
Mesmo que a mentalidade anti-vida, anti-gravidez, anti-matrimônio, anti-família seja divulgada e até imposta, os Movimentos em Defesa da Vida defendem  a dignidade da pessoa humana e a família - porque a família é indestrutível, é necessária, é a esperança da sociedade, é o futuro do mundo.
Uma das bandeiras de luta desses movimentos é a campanha contra a legalização do aborto. E aí fica um alerta: os defensores do aborto procuram cobrir sua natureza criminal mediante terminologia confusa ou evasiva, ocultando o assassinato com jargão como "interrupção da gravidez" ou sob conceitos como "direito de decidir" ou "direito à saúde reprodutiva". Nenhum destes artifícios da linguagem, entretanto, pode ocultar o fato de que o aborto é um infanticídio.
Sabe-se que, após a fecundação, a gestação da vida humana passa por diferentes momentos no ventre da mãe. Contudo, apesar de ser um único processo de crescimento, por razões de descrição científica, aquele pequeno serzinho, recebe alguns termos convencionais: ovo fertilizado, embrião, feto etc. Em uma mensagem retirada da página eletrônica Provida é possível refletir um pouco sobre esse processo. Destaca a mensagem:  “afinal, de onde veio você?  Você veio de um bebê humano? Não. Você era esse bebê.  Você veio de um feto humano? Não. Você era esse feto. Você veio de um ovo fecundado? Não. Você era esse ovo. Um ovo fecundado? Sim. Nessa ocasião você já era tudo o que é hoje. Nada mais apareceu no ovo fecundado que era você exceto a nutrição.
         No aborto o nascituro deixa de ser tratado como pessoa, sujeito de direitos, para ser tratado como coisa, objeto das manipulações - manobras ilícitas, fatos lesivos, até ao ponto de extinguir-lhe a vida, o primordial direito humano de vida. Renato de Azevedo escreveu uma poesia intitulada “Não soube do mundoque retrata o que significa um aborto:  “Era tão pequeno que ninguém o via. Dormia sereno enquanto crescia. Sem falar, pedia – porque era semente. Ver a luz do dia com o toda gente. Não tinha usurpado a sua morada. Não tinha pecado. Não fizera nada.  Foi sacrificado enquanto dormia,  esterilizado com toda a maestria.
Antes que a tivesse, taparam-lhe a boca - tratado, parece, qual bicho na toca. Não disse "Mamãe... Não sentiu um beijo.  Num breve segundo, foi neutralizado com toda a maestria. Com as alvas batas, máscaras de entrudo, técnicas exatas, mãos de especialistas negaram-lhe tudo ( o destino inteiro...)   - porque os abortistas nasceram primeiro.
Saiba que, mesmo o aborto sendo legalizado nos países ricos, não está trazendo benefícios à sociedade. Com a legalização têm-se aumentado a gravidez entre os jovens sem compromisso. As clínicas abortam com até seis meses de gestação. Vemos uma juventude com mais liberdade, mas que se droga mais e se suicida mais.
Unamo-nos, pois, aos Movimentos de Defesa da Vida, porque defender a família é defender a vida desde o ventre materno até a morte natural. Essa responsabilidade pesa sobre todos nós, principalmente sobre os “legisladores, governantes e profissionais da saúde, conscientes da dignidade da vida humana e do fundamento da família em nossos povos, os defendam e protejam dos crimes abomináveis do aborto e da eutanásia” (Documento de Aparecida 436).
E hoje,  mais do que tudo, não deixe que a mentalidade anti-vida, largamente divulgada pela mídia o contamine. Ao contrário: ame, ame muito, ame sempre, e não deixe que a acomodação, o egoísmo, o isolamento, ou a desculpa pela falta de tempo destruam você e a sua família.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

SUA FAMÍLIA, SUA VIDA

SUA FAMÍLIA, SUA VIDA
Cido, Darlene, Dirceu e Laci
                                                        Equipe Base MFC Sagrada Família
        
Por mais que aumentem os problemas familiares, há famílias que vivem bem e comemoram bodas de prata, de ouro e de diamantes. Certamente estas trazem em sua bagagem muitas coisas boas, tais como: amor, respeito, amizade, compreensão, diálogo e muita paciência.  Normalmente os casais que conseguem viver o sacramento do matrimônio por muitos anos, alicerçam sua vida em valores que receberam dos seus pais e da Igreja, independente do credo religioso.
        Pessoas que assumem a família como um  tesouro, zelam com muito cuidado  para que nada destrua os laços familiares e, via de regra, muito contribuem na construção de uma sociedade mais equilibrada. Por mais que se tente mudar a concepção de família, esta continua sendo a célula básica da sociedade, onde somos formados e nos preparamos para o exercício da cidadania. De acordo com o documento Centesimus Annus, n. 39,  “a  família constitui a sede da cultura da vida”, onde são tecidos os princípios elementares do ser humano, desde o andar, o falar, o comer até o difícil aprendizado do amar e ser amado.
         Infelizmente, as novas gerações têm enfrentado muitos desafios porque já crescem recebendo informações contrárias aos valores da família. Os casamentos são apresentados nos meios de comunicação como um negócio que pode ser feito e desfeito a qualquer momento, banalizando a essência do matrimônio que é o compromisso de formação de uma família que, por sua vez, tecerá o imenso tecido social e o futuro de novas gerações.
            Porque temos tantos problemas? Porque muitas famílias não têm tido forças suficientes para superar as dificuldades de relacionamento e não se preocupam com a formação dos filhos que, por falta de amor e de acolhida em sua casa,  buscam nas drogas e nos vícios preencher o vazio da alma. Muitos pais se preocupam em comprar presentes, aparelhos celular, computadores, jogos e filmes até violentos para seus filhos e se esquecem de mostrar o seu amor a eles; de levá-los para a igreja para experimentarem o amor de Deus e buscar um caminho que realmente conduza ao equilíbrio e à p az.
          A educação que muitos pais oferecem hoje aos seus filhos foge totalmente aos princípios de uma educação cristã, pois há uma excessiva preocupação na oferta de bens materiais e  falta muito o diálogo, a brincadeira com os filhos, o bate papo informal, o sentar-se junto e perguntar: filho, como você está? O que você está pensando? O que vamos fazer agora? Falta o abraço demorado, o carinho desinteressado, a partilha de projetos na família. Falta a valorização de cada membro da família. 
         Na medida em que a modernidade vai entrando nas casas, parece que Deus vai sendo expulso. Falta tempo para Deus e para nós mesmos. Você já reparou quanto tempo cada pessoa  de sua casa fica na frente do computador e da televisão? E quanto tempo vocês ficam conversando ou rezando? Trocamos a amizade com nossos familiares e com Deus por supostas relações na internet com pessoas que sequer conhecemos e que muitas vezes causam decepções e problemas. Acompanhamos a separação de muitos casais e a desolação de filhos que, ao perderem a estrutura familiar perdem o que lhes é mais precioso: a presença do pai e da mãe. É urgente investirmos no fortalecimento das famílias como forma de manter a paz nos lares e na sociedade.

         Como canta a banda Anjos de Resgate, a sua família é a sua vida: “Percebe e entende que os melhores amigos/ São aqueles que estão em casa esperando por ti/ Acredita, nos momentos mais difíceis da vida/ Eles sempre estarão por perto/ Pois só sabem te amar/E se por acaso a dor chegar/ Ao teu lado vão estar/ Pra te acolher e te amparar/ Pois não há nada como um lar/ Tua família volta pra ela/ Tua família te ama e te espera/ Para ao teu lado sempre estar/ Tua família!”.

FAMÍLIAS, O MUNDO E O EVANGELHO

FAMÍLIAS,  O MUNDO E O EVANGELHO
Cido, Dirceu, Flávio e Suely.
                                                        Equipe Base MFC Sagrada Família


Quando paramos para refletir sobre as famílias, nos deparamos com mudanças tão aceleradas que nos causam espanto. Há menos de trinta anos, a família era vista como um dos pilares da sociedade na sua constituição de pai, mãe e filhos. Depois começaram a surgir mulheres com barrigas de aluguel, mulheres com produção independente de filhos, inseminações de toda natureza, pais que não assumem seus filhos, famílias formadas por pessoas do mesmo sexo, enfim, uma série de mudanças que têm provocado uma inversão nos valores da família.
Nas décadas de 70 e 80 predominavam brincadeiras coletivas tais como: jogar peteca, andar de bicicleta e de carrinho rolimã, fazer piqueniques na beira dos rios (rios de águas limpas), ouvir música nas radiolas, passear na praça, etc. Formas de lazer que tinham local e horário estabelecido, mas que eram suficientes para que adolescentes e jovens se sentissem felizes. A maioria das famílias tinha um discurso de autoridade que era reforçado pela escola, por meio das aulas de Educação moral e cívica;  Organização social e política do Brasil e Ensino religioso, o que auxiliava na formação de princípios sociais e morais e no respeito na relação entre as pessoas.
Contudo, no prenúncio do novo milênio, uma corrida tecnológica acelerada mostrou a inversão de valores proposta e imposta pelo capitalismo, numa fase que se assemelha à barbárie: o individualismo, a insegurança, o desamor, a incredulidade, a desobediência e um consumismo sem precedentes. Devido a esses fatores, num mundo em que poucos se tornam cada vez mais ricos e muitos cada vez mais pobres, o medo do espaço público está cada vez mais intenso.
Para fugir do perigo das ruas,  estamos confinando e alienando nossos filhos no espaço do lar, numa  super proteção que nós mesmos não concordamos, pois ao ficar em casa, os filhos se limitam aos jogos de vídeo games ( na maioria violentos); aos programas de televisão ( que muitas vezes deseducam); a navegar na internet ( que não conhecemos ao certo seus limites, posto que veicula todo tipo de informação e até incita à violência, à pedofilia, ao uso de drogas, à prostituição,etc),  enfim, acabam ficando expostos a uma cultura de morte e de desamor que gera tanto perigo quanto o de estar na rua.
Numa outra dimensão temos a proposta de uma vida de amor, de harmonia e  de paz, veiculada também pela mídia em vários canais e por várias igrejas com diferentes denominações religiosas. É uma proposta talvez menos atraente, num primeiro momento, mas que gera frutos maravilhosos e duradouros e acima de tudo, as pessoas aprendem a viver em família. E o que é viver em família? Acreditamos que família não é apenas um grupo de pessoas que vivem em determinado espaço, mas um grupo de pessoas que fazem de um espaço um ambiente de partilha, de amor e de amizade, no qual cada um se preocupa com a felicidade do outro.
O saudoso Padre Miguel Ortiz dizia nos casamentos que cada um deve se casar não para ser feliz, mas para fazer o outro feliz e temos testemunhado isso em muitos lares. Talvez o maior problema hoje é que muitas pessoas pensam apenas em si mesmas, em sua felicidade e assim não conseguem nem ser felizes, nem possibilitar que os outros o sejam.
Diz uma parábola chinesa que o céu é como um monte de arroz rodeado por muitas pessoas, cada uma com palitos de dois metros de comprimento. Como percebem que não conseguirão alimentar-se sozinhas, cada uma coloca o arroz na boca de outra pessoa e assim todos ficam saciados. O inferno é também como um monte de arroz rodeado de pessoas famintas, com palitos de dois metros de comprimento, mas numa atitude egoísta, cada uma tenta trazer o arroz para a sua própria boca. O mesmo acontece em muitos lares... Cada um querendo ser feliz do seu jeito, sem respeitar e sem se importar com os outros.

Nós do Movimento Familiar Cristão temos certeza de que o caminho para uma vida tranqüila, com paz e harmonia, só é possível quando vivenciamos os valores do Evangelho e caminhamos em sintonia com Jesus e com as pessoas que nos cercam. É caminhar com os pés no chão e o coração no coração do irmão...