JOVENS, VIOLÊNCIA E EXTERMÍNIO: O QUE
FAZER?
Equipe
Franciscana de Pastoral
Juvenil e
Vocacional (EFPJV)
Nos
últimos anos temos acompanhado fatos que nos chocam e nos levam a refletir
sobre a formação dos jovens na sociedade contemporânea: assassinatos, brigas,
drogas, prostituição, alcoolismo, terrorismo, enfim, diversas formas de
violência que, por escalonamento, atingem milhares de famílias no Brasil e no
mundo. De acordo com dados da UNESCO, em Mato
Grosso o aumento no número de mortes de jovens com idade entre 15 e 24 anos
foi maior que o da população total, chegando a um índice de 144,7%. De onde vem tanta violência?
O que é possível fazer para minimizar tal situação?
Difícil
apresentar respostas a esses questionamentos, mas alguns aspectos merecem ser
considerados, pois grande parte dos distúrbios apresentados por jovens estão
intimamente relacionados ao seu processo de formação tanto no interior da
família quanto na própria escola. Família desajustada certamente promoverá a
formação de pessoas com problemas emocionais, psicológicos e afetivos. A falta
de amor e de limites em grande parte dos lares aliada a desequilíbrios
financeiros e morais tem provocado danos irreparáveis no processo de formação
de crianças, adolescentes e jovens que passam a utilizar os vícios, as drogas e
a violência como forma de preencher os “vazios da alma”. Vazio este que se
torna cada vez maior, pois está sendo constantemente alimentado pela mídia que
mostra o prazer material como única alternativa para a felicidade. O slogan é
comprar sempre e ter cada vez mais, como se o consumo material, por si só,
fosse capaz de proporcionar a felicidade plena. Contudo, ainda necessitamos uns
dos outros; ainda carecemos de afeto, de carinho, de amor; ainda somos
criaturas divinas, criadas para as “coisas do Alto”, como insistia o padre Léo.
Somos criados pelo amor e para o Amor e não para a competição como determinam
as relações de mercado.
No
entanto, o que temos acompanhado é justamente
o contrário: uma cultura de morte
na qual o capitalismo, como força avassaladora tem provocado uma
destruição de valores, atingindo especialmente a família, considerada, por
muito tempo, como a célula básica da sociedade. Outros dois pilares na
formação humana também estão sendo atingidos pela violência física e simbólica:
a igreja e a escola, e como desdobramento desse processo, o mundo da empresa,
da venda, do consumo e dos lucros tenta assumir a direção da
humanidade. Nesse turbilhão, a violência passa a compor o cotidiano da
sociedade. De acordo com a OMS- Organização Mundial da Saúde, quase 400.000
jovens de menos de 25 anos de idade
morrem em acidentes de trânsito a cada ano, e milhões são feridos ou
tornam-se deficientes. É isso que queremos para os nossos jovens? Pelos dados obtidos nas pesquisas realizadas
em parceria entre o Observatório de Favelas, Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef) e Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
República, Cuiabá ocupa a primeira posição entre as capitais do Centro-Oeste
com o maior Índice de homicídios na Adolescência, com registros de que a cada
mil adolescentes e jovens de 12 a 18 anos, 3,8 são assassinados e a maioria destes por
questões ligadas ao uso e tráfico de drogas.
Diante desse quadro e considerando que em Rondonópolis
no triênio de 2007 a 2010 houve mais mortes de jovens e adolescentes do
que a Espanha inteira no mesmo período, é que a Missão Franciscana do Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, em união com os grupos de jovens e o Movimento de
Cursilho da Paróquia Sagrado Coração de Jesus organizaram a marcha luminosa contra a violência e o
extermínio de jovens, com o objetivo de motivar as pessoas a
adotarem uma cultura pela vida e pela paz e tentar despertar nas famílias
o desejo pela valorização dos jovens e pela implantação de uma cultura de
paz.
Entendemos que marchar pela vida é
realizar o sonho de Deus que veio a este mundo “para que todos tenham vida, e a
tenham em abundância” (Jo 10,10).