sábado, 19 de outubro de 2013

JOVENS, VIOLÊNCIA E EXTERMÍNIO: O QUE FAZER?


JOVENS, VIOLÊNCIA E EXTERMÍNIO: O QUE FAZER?

Equipe Franciscana  de Pastoral
Juvenil e Vocacional (EFPJV)
 
Nos últimos anos temos acompanhado fatos que nos chocam e nos levam a refletir sobre a formação dos jovens na sociedade contemporânea: assassinatos, brigas, drogas, prostituição, alcoolismo, terrorismo, enfim, diversas formas de violência que, por escalonamento, atingem milhares de famílias no Brasil e no mundo. De acordo com dados da UNESCO, em Mato Grosso o aumento no número de mortes de jovens com idade entre 15 e 24 anos  foi maior que o da população total, chegando a um índice de 144,7%.  De onde vem tanta violência?  O que é possível fazer para minimizar tal situação?

Difícil apresentar respostas a esses questionamentos, mas alguns aspectos merecem ser considerados, pois grande parte dos distúrbios apresentados por jovens estão intimamente relacionados ao seu processo de formação tanto no interior da família quanto na própria escola. Família desajustada certamente promoverá a formação de pessoas com problemas emocionais, psicológicos e afetivos. A falta de amor e de limites em grande parte dos lares aliada a desequilíbrios financeiros e morais tem provocado danos irreparáveis no processo de formação de crianças, adolescentes e jovens que passam a utilizar os vícios, as drogas e a violência como forma de preencher os “vazios da alma”. Vazio este que se torna cada vez maior, pois está sendo constantemente alimentado pela mídia que mostra o prazer material como única alternativa para a felicidade. O slogan é comprar sempre e ter cada vez mais, como se o consumo material, por si só, fosse capaz de proporcionar a felicidade plena. Contudo, ainda necessitamos uns dos outros; ainda carecemos de afeto, de carinho, de amor; ainda somos criaturas divinas, criadas para as “coisas do Alto”, como insistia o padre Léo. Somos criados pelo amor e para o Amor e não para a competição como determinam as relações de mercado.

       No entanto, o que temos acompanhado é justamente  o contrário: uma cultura de morte  na qual o capitalismo, como força avassaladora tem provocado uma destruição de valores, atingindo especialmente a família, considerada, por muito tempo,  como a célula básica da sociedade. Outros dois pilares na formação humana também estão sendo atingidos pela violência física e simbólica: a igreja e a escola, e como desdobramento desse processo, o mundo da empresa, da venda, do consumo e dos lucros tenta  assumir a direção da humanidade.  Nesse turbilhão, a violência passa a compor o cotidiano da sociedade. De acordo com a OMS- Organização Mundial da Saúde, quase 400.000 jovens de menos de 25 anos de idade  morrem em acidentes de trânsito a cada ano, e milhões são feridos ou tornam-se deficientes. É isso que queremos para os nossos jovens?  Pelos dados obtidos nas pesquisas realizadas em parceria entre o Observatório de Favelas, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Cuiabá ocupa a primeira posição entre as capitais do Centro-Oeste com o maior Índice de homicídios na Adolescência, com registros de que a cada mil adolescentes e jovens de 12 a 18 anos,  3,8  são assassinados e a maioria destes por questões ligadas ao uso e tráfico de drogas.

        Diante desse quadro e considerando que em  Rondonópolis no triênio de 2007 a 2010  houve mais mortes de jovens e adolescentes do que a Espanha inteira no mesmo período, é que a Missão Franciscana do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em união com os grupos de jovens e o Movimento de Cursilho da Paróquia Sagrado Coração de Jesus organizaram a marcha luminosa contra a violência e o extermínio de jovens, com o objetivo de motivar as pessoas a adotarem  uma cultura pela vida e pela paz e tentar despertar nas famílias o desejo pela  valorização dos jovens e pela implantação de uma cultura de paz.

        Entendemos que marchar pela vida é realizar o sonho de Deus que veio a este mundo “para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10).