Pais ausentes,
filhos carentes
Geraldo, Lindinalva e Olímpio Alvis
MFC- Equipe Sagrada Família
Atualmente, um dos grandes problemas
enfrentados pelas famílias é o desencontro entre pais e filhos. É comum
encontrar, em grande escala, principalmente nas cidades, lares em desarmonia devido
à ausência dos pais. Em muitas famílias os filhos crescem sem orientação, sem
afeto, sem formação religiosa, sem acompanhamento escolar, sem limites. Em
muitos casos existem pais que nem mesmo se preocupam se o filho se alimentou;
com quem saiu; a que horas chegou; quanto tempo ficou em frente ao computador, ao
celular ou à televisão. O resultado desse descaso quase sempre é desastroso,
pois o que assistimos todos os dias é um verdadeiro extermínio de jovens como
decorrência principalmente do uso e tráfico de drogas. Há um elevado número de
jovens no mundo das drogas, da prostituição e da violência, e temos acompanhado
casos extremos de violência contra os próprios pais.
São muitas as causas que
provocam destruições entre os jovens, mas acreditamos que a maior delas ainda é
a ausência dos pais no que se refere à educação, ao acompanhamento, ao cuidado,
aos limites e porque não dizer à falta de amor, pois “quem ama, cuida”. E
cuidar exige atitude, postura, limites. Encontramos pais angustiados, com
filhos envolvidos no alcoolismo, nas drogas e até na prostituição e com o
discurso de que “deu tudo para os filhos
e os filhos jamais poderiam ter feito isso ou aquilo”, mas esquecem que as coisas materiais jamais preenchem o “vazio do amor”. Amor no sentido
pleno: “amor-doação” e não
“amor-cobrança”; amor que dá a vida pelo outro; que “tudo crê, tudo desculpa,
tudo espera, tudo perdoa”, como dizia São Paulo, na Carta aos Coríntios (13,
1-13). Amor que vence a barreira do “eu”
e se coloca na dimensão do “nós”, da família.
De nada adianta querermos
mudar o mundo se não mudarmos nossas atitudes diante dele; se continuarmos a
educar nossos filhos para um consumismo desenfreado; se continuarmos oferecendo
presentes no lugar de carinho; mesadas no lugar de presença. Como é que os
jovens vão lutar por uma sociedade diferente, se não percebem em nosso
comportamento nada que os convença? Dom Pedro Casaldáliga, bispo Emérito de São
Félix do Araguaia, em entrevista sobre
sua luta contra o latifúndio, dizia: “aprendi com meus pais a ser sóbrio e essa
sobriedade me dá forças para lutar contra o consumismo, contra essa lógica do
capitalismo”.
É preciso ousar, mudar,
tentar uma reengenharia na família, afinal, é tempo de criatividade. É tempo de espalharmos
sementes que possam germinar uma sociedade mais justa e mais solidária, o que,
necessariamente passa por uma mudança em nossas famílias. Façamos desta
Semana da Família um momento de revisão, de reflexão, de adoção de novas
práticas. E, por falar nisso, você já
abraçou alguma pessoa de sua família, hoje?
Acredite na sua
família!!! Lute por
ela!!!
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