terça-feira, 22 de julho de 2014

PULA A FOGUEIRA

"Pula a Fogueira"

Padre Reginaldo Carreira - Revista Família Cristã Pag. 28


A palavra é essa: "pula a fogueira", e não "pise na fogueira"! Parece óbvio, mas não é. Em alguns lugares, ainda persiste o costume de demonstrar a fé pisando em brasas, sofrendo algum tipo de dor, suportando literalmente a cruz, com direito a pregos e tudo. A tradição das festas juninas também levava o devoto a passar pelas brasas (rapidinho, é claro), para demonstrar sua fé e coragem. Nos pés daqueles que, na maioria, trabalhavam nas roças, pés calejados pelo trabalho árduo dos plantios e colheitas, não ficavam muitas marcas. Para os pés da grande maioria da população de hoje, as consequências seriam desastrosas, e, por vezes, cômicas, se não fossem trágicas!

É, os tempos mudam! Alguns costumes também. O sacrifício tem seu tem seu valor e necessidade, mas, na verdade, a fé se demonstra com obras de amor-caridade, muito mais do que com sacrifícios ou "loucuras". Mas o tema é interessante para servir de apoio a uma reflexão oportuna. Como citado acima: se fala em pular a fogueira e não em pisar nela. Como brincadeira nas festas juninas ainda dá para compreender, mas como diz o ditado:

"Quem brinca com fogo acaba se queimando': Vendo por esse lado e pensando na nossa espiritualidade, às vezes acabamos nos "queimando': por acharmos que somos fortes demais, que não cederemos às tentações, que não cairemos naquela conversa, que não seremos influenciados por aquele discurso, aquela convivência ou aquele suposto amigo.
Conhecer a voz - Sábias eram as ovelhas que não seguiam a voz dos estranhos e, mais ainda, fugiam dessas vozes, porque não lhes eram conhecidas, como ensinava Jesus (cf. Io 10,5).
Podemos entender que aquele que conhece a voz do Bom Pastor, ou seja, Jesus calcula os riscos e não se permite cometer pequenos deslizes. Mesmo porque são os pequenos erros que abrem espaços aos grandes pecados. É o olhar de cobiça (real ou virtual), que abre espaço para a traição e o adultério; é a palavra agressiva, que abre espaço para a violência de fato; é o pensamento ambicioso, que cede à tentação do dinheiro fácil, do tráfico de drogas e outros crimes; é o primeiro gole, que derruba o alcoólatra; o primeiro cigarro, que escraviza o dependente; o pequeno "desvio de verbas': que faz o grande corrupto.
Será que não temos nos arriscado demais? Afinal, vemos nos meios de comunicação uma tentativa cada , vez mais insistente de destruir conceitos e valores, em nome de uma pseudoliberdade. E ainda acabamos por achar tudo normal e bom, desde que seja de acordo com o que cada um quer.
Penso que o mais sensato é ouvir o que a Palavra de Deus ensina: calcule os riscos. Não se enfrenta o inimigo se não se está pronto (cf. Lc 14,31). É claro que temos armas espirituais capazes

de enfrentar o inimigo, e é ele quem fugirá de nós; mas tanto quanto é errado temer o inimigo, tratando-se do campo da fé, também é errado subestimá-lo. Há momentos em que até podemos passar correndo pela fogueira sem grandes consequências e com a vitória garantida. Mas precisaremos ter os pés calejados por um trabalho árduo e seguro, dia após dia, cultivando o conhecimento e a alegria da fé. Em outros momentos, fuja da tentação e não se aproxime tanto, pois quem brinca com fogo acaba se Queimando ... 

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